A pintura é a minha paixão!
Devo-me ter descoberto, lá pelos meus 15 anos, mais coisa menos coisa,
quando decido inscrever-me numa escola de pintura situada em Paços de
Brandão – pequena vila encaixada entre a civilização e tranquilidade da aldeia –
integrada num grupo recreativo designado CIRAC – e que, à laia do acaso,
aproveito para deixar o meu humilde tributo, tendo em conta a grandiosidade do
serviço prestado à comunidade.
Neste espaço, tive o privilégio de ter como mentor, o talentoso pintor português
paisagista Mestre Ramiro Relvas, homenageado neste documentário, que
aconselho ver aqui.
Deixou claramente a sua marca e influência, pelo que os meus primeiros
trabalhos surgiram dentro da mesma linha – arte figurativa a óleo – paisagista,
natureza morta, retratos.
É incrível, como me revejo no seu gosto, na sua técnica e cores…
Sendo autodidata, a procura de novas técnicas permitiu conhecer outras
tendências artística envolvendo espátula e outros materiais, com contraposição
de cores vibrantes resultando por vezes em pinturas de alto contraste.
O abandono da pintura a óleo e a utilização da tinta acrílica foi um processo
lento e com alguma resistência…
O ritual de preparação e o compromisso com o resultado final numa pintura
a óleo, obriga a uma pré-disposição completamente diferente, quer de
tempo quer de espírito.
Nada é instantâneo. Tudo é meticuloso na obtenção das sombras, das
formas, do brilho… é quase mágico. Uma pincelada faz toda a diferença, o
domínio é nosso!
Ainda hoje me perco e surpreendo na admiração do pormenor das minhas
pinceladas (isto é uma satisfação que só a mim compromete).
O frenético da vida acontece, o trabalho, a família, e a inevitável limitação
do precioso tempo, que me obriga a fazer uma paragem.
Há quem diga que nada é por acaso e se calhar, particularmente neste caso,
quero acreditar nisso.
O facto é que, depois desta hibernação, pareço acordar numa nova era.
Pela curiosidade que me é inata, nas visualizações que me atrevi,
entretanto, a fazer e que desabrocharam diante dos meus olhos como que
por magia, descobri, sem querer parecer chavão, “um maravilhoso mundo
novo”, onde tudo é partilha e informação.
A opção pelo acrílico foi um pouco consequência disso, mas não só…
A arte contemporânea, com uma quantidade infindável de novas técnicas,
agora completamente disponíveis para quem queira saber mais, é quase
sempre realizada com tintas acrílicas.
Apesar de não permitir alcançar alguns efeitos que só a pintura a óleo
consegue, as alternativas compensam, principalmente no potencial uso de
técnicas mistas.